CarnisValles
Que
história é essa?
É uma longa história. Mas,
como tudo no mundo tem começo, meio e fim... Essa tem suas origens na mitologia
grega. Assim, conta-se que no princípio só existia Ouranos, o Céu e Gaia, a Terra.
Eles viviam no maior amor celestial. Porém, uma das características das
primeiras divindades mitológicas é um brutal egoísmo e uma grande crueldade.
Ouranos, ou Urano, criou do nada, uma aversão aos filhos e resolveu trancá-los
em um abismo. Eles, por sua vez, não gostaram nem um pouco disso, e um dos filhos
resolveu se revoltar, dizendo aos irmãos que iria libertá-los. Esse era Cronos
(Saturno), o Tempo. Um dia ele esperou seu pai vir transar com a sua mãe e
disfarçadamente (a 1ª fantasia), com uma foice castrou o pai, que foi embora
deixando apenas um rastro de estrelas. Cronos assumiu o poder tendo que
conviver com uma profecia que dizia que um dia um de seus filhos também iria destroná-lo.
Sabendo disso, ele resolveu engolir todos os filhos que nasciam (ainda hoje o
tempo nos engole...). Porém, sua esposa não deixou mais isso acontecer e criou
um plano para que o próximo filho pudesse respirar livremente. Quando o filho
nasceu ela entregou uma pedra enrolada numa fralda dizendo que aquele seria o
seu último filho e iria chamá-lo de Zeus (Júpiter). Zeus cresceu sem o pai
saber e resolveu destroná-lo também. Certo dia, com a ajuda da deusa Métis, ou
a Prudência, ele conseguiu que o pai ficasse bêbado e vomitasse os irmãos que
estavam em seu interior. Primeiro ele vomitou a pedra que caiu no Lácio, Itália,
e em seguida os seus irmãos. Com eles conseguiu, finalmente, destronar o pai e
assumir o poder, criando assim o Olimpo. O pai, coitado, foi expulso e
condenado a viver entre os mortais, também no Lácio. Com os mortais ele conseguiu
construir seu reinado. Cronos era um deus, e o deus do tempo. Por isso, tudo
dava certo, era tudo dentro do tempo certo. Criando, assim, uma idade de ouro,
onde todos eram iguais, ninguém possuía nada de próprio, todas as coisas eram
comuns a todos. Assim, o tempo foi passando, passando... E a vida se
transformando. Era para relembrar esses tempos felizes que se celebravam em
Roma as Saturnais ou Saturnálias, festas que representavam a igualdade entre os
homens e a fertilidade da natureza. Chegamos, então, a Roma e seu império. O
Império Romano dominava e nascia o Cristianismo, oficializado e incorporado à
essência das culturas pagãs. Na Idade Média a Igreja Católica Apostólica Romana
implantou a tradição da Semana Santa que tem seu início no Domingo de Ramos e
seu término no Domingo de Páscoa. Precedida de um período de 40 dias de
privações e abstinências, a chamada Quaresma, onde não se pode comer carne, de
jeito nenhum, durante este tempo sagrado e iniciando-se na Quarta-Feira de Cinzas.
O dia que precede este período de penitências ficou sendo chamado CarnisValles em
latim e Carnaval em português. Porém, a etimologia da palavra varia um pouco,
associando-se a ideia de festa dos prazeres da carne, como também a ideia de
levar embora a carne, ou seja, carne vale (supressão da carne ou adeus, carne!).
Sem deixar de mencionar outra possibilidade de associação que seria a de carrus
navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Por
fim, ficou determinado que a data do Carnaval fosse móvel, com base na data também
móvel da Páscoa. Esta festa de origem judaica (Pessach, passagem em hebraico) é
determinada sempre pelo primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera
no hemisfério norte. A partir daí retroagem-se 46 dias correspondentes à
Quaresma e encontra-se a data da Quarta-Feira de Cinzas. O dia anterior, ou os
3, 4... Dias anteriores correspondem ao Carnaval. De acordo com a tradição,
brinque o Carnaval, mas não brinque com o Carnaval!
Anthero Madureira
Quarta-feira, 11.12.13
Nenhum comentário:
Postar um comentário